Paisagem sobre uma linha d’ água

A Paisagem, neste caso específico a floresta Laurissilva, revela-nos através das interpretações de Cristina Perneta um mundo onde o real e o irreal se misturam e diluem.
Através da pintura e da instalação são-nos apresentadas variantes desta floresta que existe tão perto de nós e que só um olhar perspicaz, como o desta artista plástica, nos fará olhar para além do verde. E é isso mesmo que nos mostra «Paisagem sobre uma linha d´’água». Mostra-nos por exemplo a Ribeira de São Jorge e um ribeiro no Rabaçal que além de um simples curso de água encerram belezas e segredos que apenas o conhecimento atento e insistente nos poderá revelar.
São as árvores, os vários tons verdes, a vida orgânica inerente a todo este mundo vegetal, as formas elementares e minimalistas e até o próprio risco associado à exploração de uma floresta que servem de narrativa a Cristina Perneta.
Através de um traço bem definido e uma linguagem plástica transparente podemos ler uma mensagem que se mistura com a selecção cromática, que não será mais do que uma reinterpretação real do espaço em estudo, intercalada por pigmentos que realçam aspectos relacionados com um mundo que poderá existir para além da linha d’água.
Esta Floresta, designada por Laurissilva, é energia, é mudança e vida. Neste contexto tudo é mutável e está em constante transformação. Cristina Perneta vem alterar esse ciclo de vida que nunca para.
Através da sua pintura, regista vários momentos, tornando-os imemoráveis, imprimindo uma pausa, uma paragem do tempo, registando-o… 


Marisa Santos
Funchal, Novembro de 2006

Landscape on a watercourse

The Landscape, in this particular case, the Laurel Forest, reveals us through Cristina Perneta’s interpretations, a world where the real and the unreal mix and dissolve.
Through painting and installation we are presented with varieties of this forest which exists so close to us but only a sharp-sighted look, as the one of this artist, will make us see beyond the green; that’s exactly what is shown in “Landscape on a watercourse”. As an example, both Ribeira de São Jorge and a brook in Rabaçal show us that besides a simple watercourse it encloses beauty and secrets which will be revealed only by an attentive and insistent knowledge.
The trees, the shades of green, the organic life inherent to this whole vegetal world, the basic and minimalist shapes and even the risk itself associated with the exploration of a forest, are the narrative for Cristina Perneta.
Through a well-defined line and a transparent plastic language we may read a message that mixes with the chromatic selection, which is no more than a real reinterpretation of the studied area, intercalated by pigments that emphasise aspects related to a world that may exist beyond the watercourse.
This Forest, named Laurisilva (Laurel Forest) means energy, change and life; in this context everything is changeable and it is in permanent transformation. Cristina Perneta changes this cycle of life that will never end.
Through her paintings, she preserves the memory of several moments, making them unforgettable, printing a pause, a break in time, registering it…

Marisa Santos

Funchal, November 2006